A S&P cortou o ‘rating’ de Portugal para uma notação considerada ‘lixo’.
A Standard & Poor's cumpriu hoje a ameaça que fez há cerca de um mês e decidiu baixar em dois níveis o 'rating' de Portugal, de 'BBB-' para 'BB', um nível considerado lixo.
"O 'downgrade' reflecte a nossa posição quanto ao impacto do agravamento dos problemas políticos, financeiros e monetários na zona euro", nos quais Portugal também está implicado, explica a S&P em comunicado, adiantando que o corte à República também reflecte a perspectiva de que "o sector privado de Portugal está sujeito a pressões de financiamento externas sustentadas", e os receios em relação às consequências que estas pressões podem ter no crescimento económico e, por seu turno, nas contas públicas.
Portugal passa assim a estar classificado nas três maiores agências de ‘rating' mundiais como 'lixo', depois das acções da Fitch e Moody's no final do ano passado.
A descida de 'rating' pela S&P a Portugal surge no âmbito da conclusão da revisão das avaliações a 16 países da zona euro. No total, a agência de 'rating' baixou as classificações de nove países, motivada pela sua convicção de que as iniciativas políticas dos líderes europeus nas últimas semanas podem ser insuficientes para resolver os problemas sistémicos na zona euro. Para a S&P, as decisões da cimeira de 9 de Dezembro, e subsequentes declarações dos líderes europeus, não foram suficientes para produzir um avanço suficiente para resolver os problemas financeiros da zona euro.
S&P duvida que Portugal regresse ao mercado em 2013
"Para Portugal, acreditamos que este ambiente político enfraquecido pode complicar o apoio político dentro do País à implementação do programa da União Europeia e do FMI, coloca a estratégia de consolidação do governo em risco, e impulsiona um agravamento do rácio da dívida já elevado de Portugal, que deve terminar 2012 nos 106% do PIB", alerta a S&P.
Além disso, a agência indica que o processo de reestruturação da dívida grega, que foi hoje interrompido, "pode afastar potenciais investidores em obrigações portuguesas e reduzir a probabilidade de Portugal regressar ao mercado algures em 2013".
É que a S&P considera que "existem riscos significativos para o financiamento externo de Portugal nos próximos dois anos, uma vez que os credores das empresas privadas, primeiramente bancos da zona euro, devem reduzir as suas exposições a Portugal mais depressa do que o previsto anteriormente".
A agência de 'rating' também tem dúvidas quanto aos custos para o Estado do processo de recapitalização dos bancos portugueses e receios em relação ao nível "muito elevado" da dívida pública e fraco potencial de crescimento económico.
A agência de notação tem um 'outlook' negativo para Portugal, indicando que existe "pelo menos uma hipótese em três" de voltar a descer o 'rating' nos próximos 12 meses.
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